O percurso formativo, académico e profissional de cada um, vai revelando determinadas linhas de interesse sobre a temática associada. No nosso caso, o interesse acabou por pender para os primeiros momentos de um modernismo na arquitetura portuguesa, justamente na transição de um modernismo ainda com gestos classicistas, para um modernismo mais alinhado às influencias internacionais, que acabou por ser promovido até aos dias de hoje, o que, em determinados momentos resultou num desvanecer de identidade, isolamento e individualismo.
Essa época, enquadrada no início do seculo XX, é a nosso ver, o grande momento de viragem do paradigma da arquitetura portuguesa, que nos levou até aos dias de hoje, sofrendo em todo o percurso influencias diversas, sejam elas políticas, sociais, económicas, tectónicas, tecnológicas, ou mesmo de linguagens por vezes desenraizadas do meio.
Contudo, em todo o caminho percorrido, foram-se perdendo e descaracterizando alguns conceitos da génese portuguesa. Aos dias de hoje, e provavelmente futuros, a arquitetura beneficiaria ao voltar a incorporar determinados preciosismos anteriores que foram dispensados, mas dignos de regressar.
Essas atitudes antigas podem incorporar novamente uma melhoria na qualidade, seja ela urbana ou da própria e simples habitação. Gestos como os vasos nas escadas dos bairros lisboetas, os jardins da velha cidade onde nós em criança brincávamos sem os constrangimentos atuais ou até as dignas e espaçosas varandas dos prédios da altura, que eram criadores de relações de vizinhança e onde os canteiros eram uma presença constante. Tanto nos lembrámos dessa necessidade básica nos momentos de confinamento. Contudo, já a tivemos em tempos.
É no sentido de redescobrir essências, entender raízes e mudanças que nos propomos investigar, tentando contribuir para o conhecimento e difusão, e fazer ressurgir características antigas, ainda que modernizadas, que possam resultar em melhorias nos nossos dias, nos diversos âmbitos da arte da arquitetura.
ONDE ESCREVEMOS OU PARTICIPAMOS
Nº | ANO | DATA | MEIO | DESCRIÇÃO |
1 | 2022 | SETEMBRO | REVISTA ANTEPROJETOS Nº 336 | Artigo “Nomes esquecidos do modernismo português do início do seculo XX – José Porto |
2 | 2023 | FEVEREIRO | REVISTA ANTEPROJETOS Nº 341 | Artigo “O paisagismo como interveniente na dinâmica urbana” |
3 | 2023 | FEVEREIRO | JORNAL O CAMINHENSE Nº 1699 | Artigo nº 1 Património “José Porto, um nome esquecido do modernismo português do início do seculo XX” |
4 | 2023 | MARÇO | JORNAL O CAMINHENSE Nº 1700 | Artigo nº 2 Património “José Porto, o surgimento das suas influências arquitetónicas” |
5 | 2023 | MARÇO | REVISTA ANTEPROJETOS Nº 342 | Artigo histórico / case study “Arq.º José Porto, uma obra no início dos anos 40. Dedicado aos 140 anos do seu nascimento (1883/2023)” |
6 | 2023 | ABRIL | JORNAL O CAMINHENSE Nº 1701 | Artigo nº 3 Património “José Porto, as primeiras obras nos anos 30” |
7 | 2023 | MAIO | JORNAL O CAMINHENSE Nº 1702 | Artigo nº 4 Património “José Porto, fim dos anos 30 e arranque dos 40” |
8 | 2023 | JUNHO | JORNAL O CAMINHENSE Nº 1703 | Artigo nº 5 Património “José Porto, entre o Porto e a Beira” |
9 | 2023 | JULHO | JORNAL O CAMINHENSE Nº 1704 | Artigo nº 6 Património “Edifícios ícones de Porto” |
10 | 2023 | AGOSTO | JORNAL O CAMINHENSE Nº 1705 | Artigo nº 7 Património “O arquiteto vilarmourense regressa às origens” |
11 | 2023 | SETEMBRO | JORNAL O CAMINHENSE Nº 1706 | Artigo nº 8 Património “Os projetos caminhenses de José Porto” |
12 | 2023 | OUTUBRO | JORNAL O CAMINHENSE Nº 1707 | Artigo nº 9 Património “Recordemos José Porto, o arquiteto vilarmourense” |
13 | 2023 | NOVEMBRO | REVISTA ANTEPROJETOS Nº 350 | Artigo “Uma questão de identidade” |
14 | 2024 | JANEIRO | REVISTA ANTEPROJETOS Nº 352 | Artigo “2024. Perspetivas” |
15 | 2024 | MAIO | PORTAL “ESPAÇO DE ARQUITETURA” | Artigo “Construção industrializada, uma reflexão sobre habitação” |
16 | 2024 | JUNHO | REVISTA ANTEPROJETOS Nº 357 | Artigo “30 Anos da Anteprojectos” |
LIVRO_ LANÇAMENTO EM BREVE _ 30 meses de investigação sobre arquitetura modernista portuguesa da 1ª metade do século XX compilada em 300 páginas escritas!!! Altura de revisões finais e não tarda está cá fora! Autoria: Paulo Vila Verde, Arq.
3 DÉCADAS DA ANTEPROJECTOS _ Um breve artigo de parabéns e agradecimento.
2024. PERSPETIVAS _ Uma breve abordagem aos novos e permanentes desafios que o ano de 2024 acarreta.
UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE _ Artigo que aborda a eventual perca de identidade arquitetónica em detrimento das novas tecnologias de construção. Será um problema?
140 ANOS DO NASCIMENTO DO ARQUITETO MODERNISTA JOSÉ PORTO _ Último de um conjunto de artigos dedicados à vida e obra do arquiteto, publicados no Jornal Caminhense, da sua terra natal. Encerra-se desta forma a fase final da vida profissional de José Porto, revelando-se aos 80 anos com capacidade de encarar novos desafios, como a proposta de projeto para a Igreja do Sagrado Coração de Jesus em Lisboa.
140 ANOS DO NASCIMENTO DO ARQUITETO MODERNISTA JOSÉ PORTO _ 8º e penúltimo de um conjunto de artigos dedicados à vida e obra do arquiteto, publicados no Jornal Caminhense, da sua terra natal. Com uma idade avançada, José Porto dedica-se a um conjunto de projetos concentrados na sua terra natal, enveredando cada vez mais por uma linguagem de cariz regionalista, porém ainda com alguns casos surpreendentes.
140 ANOS DO NASCIMENTO DO ARQUITETO MODERNISTA JOSÉ PORTO _ 7º de um conjunto de vários artigos dedicados à vida e obra do arquiteto, publicados no Jornal Caminhense, da sua terra natal. Desta vez abordo alguns dos seus principais projetos na cidade da Beira em Moçambique e o seu regresso definitivo a Portugal, onde dá início à sua última fase de produção, assumindo uma linguagem afastada do modernismo pioneiro de outros tempos.
140 ANOS DO NASCIMENTO DO ARQUITETO MODERNISTA JOSÉ PORTO _ 6º de vários artigos dedicados à vida e obra do arquiteto, publicados no Jornal Caminhense, da sua terra natal. Neste artigo abordamos as suas obras na cidade do Porto que ficaram marcadas como ícones do modernismo da cidade.
140 ANOS DO NASCIMENTO DO ARQUITETO MODERNISTA JOSÉ PORTO _ 5º de vários artigos dedicados à vida e obra do arquiteto, publicados no Jornal Caminhense, da sua terra natal. Uma aproximação à sua obra ao norte do país e o inicio da sua incursão profissional na cidade da Beira em Moçambique.
140 ANOS DO NASCIMENTO DO ARQUITETO MODERNISTA JOSÉ PORTO _ 4º de vários artigos dedicados à vida e obra do arquiteto, publicados no Jornal Caminhense, da sua terra natal. Desta vez abordamos a Casa da Vilarinha do cineasta e amigo Manoel de Oliveira e a Casa José Dias de Oliveira, fundador das industrias Riopele.
140 ANOS DO NASCIMENTO DO ARQUITETO MODERNISTA JOSÉ PORTO _ 3º de vários artigos dedicados à vida e obra do arquiteto, publicados no Jornal Caminhense, da sua terra natal. Destacamos, neste artigo, o interior do Coliseu do Porto e algumas das obras do fim dos anos 30 na cidade do Porto.
140 ANOS DO NASCIMENTO DO ARQUITETO MODERNISTA JOSÉ PORTO _ 2º de vários artigos dedicados à vida e obra do arquiteto, publicados no Jornal Caminhense, da sua terra natal.
140 ANOS DO NASCIMENTO DO ARQUITETO MODERNISTA JOSÉ PORTO _ 1º de vários artigos dedicados à vida e obra do arquiteto, publicados no Jornal Caminhense, da sua terra natal.
CASE STUDY: Uma obra modernista nos anos 40. Artigo de investigação na revista Anteprojetos do mês de Março.
O PAISAGISMO COMO INTERVENIENTE NA DINÂMICA URBANA _ Artigo que lança o mote à conferência na Feira EXPOJARDIM / URBANGARDEN na Exponor, no dia 17 de Março pelas 17h00, onde estaremos presentes como oradores, em conjunto com o urbanista e professor Daniel Casas Valle, o arquiteto e professor César Rouco Marques e a arquiteta paisagista Luísa Almendra Roque.
MODERNISMO PORTUGUÊS _ Artigo de investigação na revista Anteprojetos
ARTIGO “CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA, UMA REFLEXÃO SOBRE HABITAÇÃO” _ Autoria Arq. Paulo Vila Verde, publicado no portal “Espaço de Arquitetura”
“Atualmente os sistemas industrializados de construção mostram-se cada vez mais necessários e oportunos em Portugal, contudo ainda não aplicados na quantidade desejável. Caso fossem teriam um impacto positivo na rapidez de resposta e custo final de obra, resultando na melhoria do tão necessário parque habitacional destinado a famílias que vêm nos preços atuais uma impossibilidade de aquisição ou arrendamento. A que se deverá esta ainda lenta aplicação?
Refletindo sobre o passado destes sistemas em Portugal, a industrialização como forma de construção não é um tema novo. De recordar uma empresa, hoje desaparecida, fundada no início dos anos 70 e que foi uma das impulsionadoras dos sistemas pré-fabricados para construção de moradias, com forte implementação na margem sul e norte do Rio Tejo, mas também na região do Algarve. O seu fundador tinha desenvolvido um sistema construtivo resultante da combinação de painéis pré-fabricados em betão armado com diversas métricas e vazamentos que compunham janelas e portas. Este sistema de paramentos era encaixado sobre as sapatas, num caminho de lintéis igualmente pré-fabricados. Derivante dessa solução construtiva, criaram uma coleção de “modelos tipo” que facilitavam a escolha, orçamento e limitavam as possibilidades do cliente interessado. Apesar de todas as restantes tarefas serem produzidas in sito, a construção rápida do volume da habitação permitia uma vantajosa redução do prazo de obra e, como tal, economia face às tradicionais tarefas estruturais e de alvenarias.
Aos dias de hoje revelar-se-ia um sistema rudimentar, porém nele muitas famílias de orçamentos apertados encontraram solução para as suas necessidades habitacionais, sendo também aplicado na construção de segundas habitações. Milhares de casas foram construídas durante os cerca de 40 anos de vida da empresa.
Mas também em relação à execução rápida de paramentos, foi implantada na margem sul do Rio Tejo, também no início dos anos 70, uma fábrica de artefactos em betão celular que era uma solução usual, permitindo rapidez na construção de prédios de cariz social, como aconteceu em diversos casos nas periferias de Lisboa e Almada. Atualmente é, também, uma fábrica inexistente.
Para além da rapidez na construção das paredes interiores e exteriores, a sua capacidade ignífuga oferecia segurança, o que era uma vantagem nas construções em altura e com dezenas de fogos.
Como estes casos, outros certamente existiram, comprovando a utilização destas soluções nas últimas 5 décadas, mas revelando também a extinção destas empresas, possivelmente pela falta da implementação necessária em território nacional que potenciasse a sua viabilidade.
Certo é que a relação comparativa de custo entre os sistemas industrializados e o sistema convencional de construção confirma-se pouco expressiva, optando tendencialmente o comprador pelos sistemas convencionais, decisão alicerçada numa confiança histórica e na regra generalizada do mercado, demonstrando um determinado receio de arriscar por um sistema pré-fabricado em detrimento dos vulgares métodos construtivos, por uma reduzida diferença de preço.
Existe, claramente, uma diversidade de vantagens nestes sistemas industrializados como a já referida economia e rapidez de execução, gestão facilitada pela previsibilidade, controlo e correção de erros, antecipação de encomendas devido à estandardização e a garantia de controlo de qualidade da produção em ambiente fabril, acrescida da continua repetição modular. Tomam-se aqui também outros fatores de relevância como um melhor equilíbrio térmico e higrométrico entre a produção controlada em fábrica e a produção in sito, beneficiando a qualidade da construção e reduzindo a probabilidade de futuras patologias associadas.
Porém as desvantagens também existem e talvez a maior dificuldade seja o limite da forma e dimensão dos componentes dos sistemas, motivado tanto pelo transporte como pelo espaço disponível em obra para montagem, pelas condições viárias que dificultam acesso a veículos de grandes dimensões ou infraestruturas pré-existentes no local que poderão inviabilizar equipamentos tão simples como gruas para posicionamento do sistema.
Mas talvez o fator que mais penaliza a rapidez e principalmente o custo, encontra-se na permeabilidade à solução desenhada ao gosto e à medida do cliente.
A objetividade destes sistemas não deve ser alvo de uma leitura enviesada e deturpada por um argumento de facilitismo comercial. O sistema deve obedecer ao seu objetivo primordial para o qual foi concebido: rapidez, antecipação, economia e garantia. Não deve corresponder à rapidez da sua instalação parcial e depois submeter-se à mercê da personalização de uma parafernália de soluções, equipamentos, acabamentos, sugestões produzidas à medida e alterações impostas em obra. Aqui toda a razão e rentabilidade do sistema se esvai, transformando-o num híbrido entre a pré-fabricação e o convencional, logo crassamente penalizado no seu custo global.
No âmbito da moradia surge a problemática tendencial do dono de obra definir a arquitetura da habitação a seu gosto. A tentativa de adaptação de um sistema pré-definido produzido por meio de repetição a uma arquitetura personalizada a cada cliente, torna-se antagónico e redutor, acabando por se refletir na diminuição da vantagem de um preço mais acessível. Obviamente, à exceção de motivos técnicos, estes sistemas em nada se vêm limitados a um bom e moderno design, apelando aos sentidos, tornando-se atuais e atraentes comercialmente.
Há dias em conversa com o Mestre Arquiteto João Paciência e, justamente no seguimento deste tema, foi-me levantada a questão: “Será a indústria da construção tema para interessar às novas gerações de arquitetos?”. Provavelmente não porque limita a liberdade da forma, mas também porque não se torna corrente o contacto pormenorizado e aprofundado com este tipo de sistemas nas faculdades ou no vulgar dia a dia profissional, limitando o conhecimento aos novos arquitetos, apesar de ser desafiante para alguns a tentativa da criação de sistemas do género, impondo uma relação próxima com uma equipa de engenharia no decurso dessa conceção.
A complexidade de e entre disciplinas que interagem no desenvolvimento e produção dos sistemas rápidos de construção são um obstáculo à conceção de novas soluções, tornando-se também dispendiosas e morosas as certificações para serem promovidas legalmente no mercado.
E este é um tema que levanta grandes preocupações. A legalização dos sistemas e do seu método de montagem. O mercado oferece uma diversidade de soluções e empresas, nacionais e estrangeiras, mais ou menos bem informadas, mas circulam entre “os pingos da chuva” diversas empresas de duvidosas idoneidades que representam, plagiam ou adaptam sistemas e que atuam sem quaisquer certificações ou homologações válidas, não conferindo qualquer garantia para o cliente final. Aqui a falta ou deficiente informação pública, ou até descuidado do interessado comprador em escrutinar a entidade fornecedora, torna facilitador e tentador para essas empresas “sem escrúpulos” atuarem no mercado até com relativo sucesso, não sendo uma atividade legal, ética e respeitadora tanto para o dono de obra que os contrata como para a concorrência que preenche todos os requisitos legais.
Para a justificação da uma implementação pouco expressiva dos sistemas industrializados de construção em Portugal, pode ser ponderada, eventualmente, a possibilidade de ser um país com um mercado relativamente reduzido. No entanto, pode o principal motivo ser mesmo encontrado no custo excessivo, bastante próximo, ou até superior ao do custo da construção convencional. A industrialização subentende repetição, logo uma oferta a valores mais acessíveis, exemplificando-se, a título comparativo, com a produção em série do Modelo T da Ford no arranque do século XX. Uma solução rápida e económica para resposta ao mercado. Justamente o que hoje se anseia!
Estas poderiam ser soluções decisivas para respostas concisas às necessidades crescentes do parque habitacional visando albergar urgentemente famílias que vêm na habitação própria uma prioridade, mas sentem o crasso e inultrapassável desequilíbrio entre orçamento e o atual custo avultado, encontrando, geralmente, nestes sistemas soluções onerosas e onde poucas empresas nacionais são fabricantes.
Talvez estes sistemas sejam conotados como os “parentes pobres” da construção o que é uma associação totalmente errada, ou até, eventualmente, depreciativos aos olhos de muitos técnicos. Mas, mesmo assim sendo, resolveriam as necessidades habitacionais de 86.000 famílias atualmente em Portugal. Número que comprova o ainda longo caminho a percorrer, sendo desejável que esse caminho encurte.
E talvez o encurtar desse caminho surja através dos diversos métodos construtivos industrializados em expansão atualmente e que o mercado responderá no futuro a sua real aplicação e aceitação. Certo é que as técnicas de construção rápida com recurso a sistemas “post and beam” produzidas com recurso a madeiras provenientes de florestas sustentáveis, nacionais (parcas) ou estrangeiras, não são novidade, existindo em Portugal diversas empresas com décadas de experiência, mas que veem o seu público-alvo com uma capacidade financeira mais desafogada, ou enveredam mesmo pela internacionalização.
Surge também, em energética vontade de implementação, o “novo” sistema de impressão 3D de habitações, que a bem da verdade já existe desde a década de 30 do século passado. Contudo a fusão da técnica com uma tecnologia bem mais evoluída pode trazer benefícios para o mercado, mas apenas o tempo o dirá. A ponderação para a resposta pautará sempre pela relação de quantidade, rapidez, verdadeira economia e garantia. Essa é a fórmula vencedora e que se reforçará com o passar dos anos, resultando numa continuidade alicerçada em detrimento de um breve fluxo associado à novidade espontânea.
Assim, com uma diversidade de sistemas industrializados válidos, poderia a sociedade dispor de um valioso contributo para a resolução da constante problemática relacionada com a falta de habitação, não classificando as necessidades como sendo, na sua generalidade, de habitação social, mas sim de habitação a preços coerentes, e que incorporassem soluções que permitissem uma reduzida necessidade de manutenção e que sejam verdadeiramente sustentáveis em todo o seu percurso de fabrico, transporte, construção, vida e morte.
Contudo, e refletindo sobre o tema, relacionado principalmente com a habitação, estes sistemas aparentam ser aceites e aplicados a uma reduzida percentagem de casos e, provavelmente na sua maioria, procurados não pelo custo reduzido ou pelo curto prazo de obra, mas sim pelo interesse específico do comprador naquela tecnologia, sendo eventualmente tratado como uma novidade opcional à construção convencional e não tanto como um produto de resposta às necessidades atuais.
Será sempre necessário a insistência no mercado, propondo soluções e estratégias que correspondam à teoria destes sistemas construtivos, encontrando talvez na quantidade o caminho para um valor significativamente atrativo, surgindo como uma das verdadeiras soluções à necessidade habitacional.
Urge o encontro de soluções possíveis para uma grande percentagem das famílias portuguesas.”
Artigo de Paulo Vila Verde . Fundador do Atelier Inquietude Arquitetura . Arquiteto . Urbanista. Autor. Investigador de arquitetura modernista portuguesa do século XX